CARTA MENSAL - JANEIRO/2025

O primeiro mês de 2025 trouxe um alívio inesperado para o mercado brasileiro, com o Ibovespa registrando uma alta de 4,86%, fechando o mês em 126.134,94 pontos. O dólar, por sua vez, recuou 5,56%, cotado a R$ 5,8366. Essa performance positiva foi impulsionada por uma combinação de fatores externos mais favoráveis e uma redução temporária das tensões no cenário doméstico.

No cenário internacional, os Estados Unidos continuaram sendo o principal foco de atenção. O retorno de Donald Trump à presidência gerou expectativas quanto à implementação de sua agenda econômica, com ênfase em medidas como a redução de impostos corporativos. Surpreendentemente, suas primeiras declarações sobre políticas comerciais foram menos agressivas do que o temido, o que contribuiu para um enfraquecimento do dólar frente a outras moedas e um aumento do apetite dos investidores internacionais por mercados emergentes.

O Federal Reserve manteve a taxa básica de juros no intervalo entre 4,25% e 4,50% ao ano, adotando uma postura cautelosa. Apesar da resiliência do mercado de trabalho e do crescimento econômico estável - com o PIB do 4º trimestre de 2024 registrando expansão de 2,3% e fechando o ano com crescimento de 2,8% - o Fed optou por monitorar de perto a inflação antes de considerar novos movimentos.

No campo tecnológico, um evento inesperado abalou o setor: a startup chinesa DeepSeek lançou um chatbot de inteligência artificial com custos significativamente mais baixos e maior eficiência energética em relação aos concorrentes. Isso pressionou as ações de empresas de tecnologia, especialmente aquelas ligadas à infraestrutura de IA, como a Nvidia.

No Brasil, a ausência de grandes eventos na agenda doméstica, devido ao recesso parlamentar, ajudou a reduzir temporariamente a percepção de riscos locais. O Copom, em sua primeira reunião sob a liderança de Gabriel Galípolo, decidiu aumentar a Selic em 100 pontos base, assim como antecipado via forward guidance, elevando a taxa para 13,25% ao ano, e sinalizou outro aumento da mesma magnitude para a reunião de março. 

A decisão do Copom e o tom do comunicado, enfatizando o compromisso com o combate à inflação, foram bem recebidos pelo mercado. Até Lula apoiou publicamente a decisão do Banco Central, reduzindo temores de interferência política na condução da política monetária.

No entanto, os desafios estruturais permanecem. A deterioração das expectativas de inflação, com a projeção do IPCA de 2025 subindo para 5,2%, bem acima da meta de 3%, continua sendo uma preocupação central. Além disso, o cenário fiscal ainda é visto como o principal risco para os investidores de renda variável no país.

Apesar desses desafios, o fluxo de investimentos estrangeiros foi positivo em janeiro, com um ingresso líquido de R$ 6,824 bilhões na B3. Este movimento foi parcialmente impulsionado pela venda de uma participação de 4% da Vale pela Cosan, que atraiu compradores estrangeiros.

Em resumo, janeiro de 2025 mostrou que, mesmo em um cenário de desafios persistentes, o mercado brasileiro ainda pode apresentar momentos de recuperação, especialmente quando o pessimismo excessivo abre espaço para surpresas positivas, mesmo que modestas.

 

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