carta mensal - fevereiro/2025
Apesar da queda de 2,64% do Ibovespa em fevereiro, o índice registra um avanço acumulado de 2,09% no ano, alcançando 122.799,09 pontos. O dólar, por outro lado, apreciou-se 1,37% no mês, fechando a R$ 5,9163. Ao longo de 2025, a moeda local desvalorizou-se 4,27% frente ao dólar. Esse cenário, mesmo sem novidades sobre um ajuste fiscal profundo no Brasil, foi amplamente influenciado por um ambiente externo favorável e por perspectivas locais positivas em relação às eleições presidenciais de 2026.
Nos Estados Unidos, a administração de Donald Trump trouxe volatilidade ao mercado devido à falta de clareza em suas políticas comerciais. O governo ameaçou impor novas tarifas, especialmente sobre importações do Canadá, México e China, além da taxação de 25% sobre importação de alumínio e aço. Porém, de maneira geral, o protecionismo está sendo menos agressivo do que o esperado, o que agradou os investidores.
O Federal Reserve permanece atento aos impactos inflacionários dessas medidas – inflação continua superando as projeções - e aos dados econômicos disponíveis. A ata da última reunião de política monetária mostrou um tom cauteloso, com a instituição não assumindo corte de juros no curto prazo.
No entanto, movimentos desinflacionários, como as negociações de paz entre Ucrânia e Rússia, bem como o aumento da produção de petróleo nos EUA resultaram na queda do preço da commodity, contribuindo para uma redução nas taxas de juros americanas de longo prazo.
Ainda no cenário internacional, um movimento de rotação de capital para fora dos EUA favoreceu mercados europeus e chineses, enquanto os índices acionários americanos, especialmente ligados à Inteligência Artificial, perderam valor. A economia chinesa dá sinais de recuperação, e a Europa registra melhores resultados corporativos. Eventos como o DeepSeek na China fortaleceram o interesse por mercados emergentes, com destaque para o Brasil, que atraiu R$ 8,7 bilhões em investimentos estrangeiros na B3 em 2025, dos quais R$ 1,876 bilhão apenas em fevereiro.
Este cenário reflete uma potencial mudança positiva para o Brasil, enquanto a economia americana enfrenta desafios de desaceleração, sugeridos pelos indicadores antecedentes de sentimento e índice de incerteza de política econômica, e elevada inflação.
Internamente, o cenário político-econômico continua no centro das atenções. Pesquisas recentes revelaram uma rápida deterioração na taxa de aprovação do atual governo, gerando especulações sobre uma possível mudança de poder em 2026, favorecendo uma administração mais fiscalmente responsável. Embora ainda seja cedo para prever quem vencerá as eleições em outubro de 2026, isso já impactou positivamente o mercado local, com o Ibovespa ultrapassando 128 mil pontos em meados de fevereiro e o dólar se desvalorizando temporariamente e negociando abaixo de R$ 5,70.
As recentes desacelerações econômicas, embora ajudem a controlar a inflação, contribuíram para a queda na popularidade do governo. Em resposta, o governo tem adotado estímulos populistas, o que compromete o equilíbrio fiscal e reduz a eficácia da política monetária. A especulação sobre uma reforma ministerial cresce, e recentemente Gleisi Hoffmann foi nomeada ministra da Secretaria de Relações Institucionais para fortalecer a articulação política.
Esses fatores resultaram em uma correção na bolsa e em uma valorização temporária do dólar para perto de R$ 5,90, enquanto os prêmios na curva de juros futuros se ampliaram.
Importante falar que em março o Congresso Nacional volta à ativa, e poderão ser votados projetos e medidas importantes, como o reajuste da faixa de isenção do imposto de renda para R$ 5.000 e sua possível compensação.
No âmbito microeconômico, a temporada de resultados do 4º trimestre de 2024 começou com números em sua maioria abaixo das expectativas. Mas a grande maioria dos balanços será divulgada em março, o que poderá trazer novos ajustes ao mercado.