carta mensal - maio/2025

Ibovespa: +1,45% a 137.026,62

IFIX: +1,44% a 3.461,93

ETF de Small Caps (SMAL11): +6,05% a 107,64

Dólar: +0,76% a R$ 5,7195

IHFA (Índice de Hedge Funds ANBIMA): +1,1336%

CDI: 1,14%

 

 

Em maio de 2025, os ativos brasileiros mantiveram a trajetória de ganhos, embora em um ritmo mais moderado em comparação a abril. O Ibovespa avançou 1,45%, alcançando 137.026,62 pontos e acumulando uma valorização de 13,92% no ano. O dólar registrou alta de 0,76%, cotado a R$ 5,7195, enquanto o CDI do período foi de 1,14%. A performance positiva das ações foi sustentada por fortes fluxos de capital estrangeiro e pela crescente percepção de que o ciclo de aperto monetário conduzido pelo Banco Central do Brasil pode ter terminado, apesar de um cenário global ainda desafiador e da cautela entre investidores locais.

 

Cenário internacional

Nos Estados Unidos, a trégua tarifária com a China e a revisão da tarifa média para algo entre 13-14% trouxeram algum alívio e melhoraram as perspectivas de crescimento econômico para 1,8% em 2025.

O mercado de trabalho americano segue resiliente, mas a inflação de abril surpreendeu para baixo, adiando a expectativa de cortes de juros pelo Fed para dezembro. Simultaneamente, preocupações com um novo pacote fiscal proposto pela administração Trump, que poderia estimular a economia, pressionaram as taxas de juros longas dos Treasuries.

Na Europa, a atividade econômica apresentou sinais de desaceleração em maio, particularmente nos serviços, e o núcleo da inflação permaneceu elevado. Apesar desse quadro, espera-se que o Banco Central Europeu (BCE) prossiga com um novo corte de juros em junho.

Na China, os indicadores econômicos seguiram apontando fraqueza. Dados de vendas no varejo e produção industrial vieram abaixo das expectativas, mesmo após a implementação de reduções tarifárias. Em resposta, o Banco Popular da China (PBoC) efetuou um corte nos juros e sinalizou a possibilidade de adotar novos estímulos, visando sustentar a meta de crescimento anual de 4,0%.

 

Mercado brasileiro

No cenário doméstico, a economia demonstrou resiliência. Indicadores de atividade econômica, emprego e crédito mantiveram-se fortes, mostrando-se, aparentemente, pouco sensíveis ao nível elevado da taxa básica de juros (Selic).

O Copom elevou a Selic em 50 pontos-base, para 14,75% ao ano, conforme esperado pelo mercado. No entanto, a comunicação que acompanhou a decisão foi considerada dovish (suave), com a autoridade monetária sinalizando o provável término do atual ciclo de alta dos juros.

As taxas de juros futuras refletiram essa percepção, com os contratos DI para janeiro de 2026 negociando próximos a 14,80%, indicando que o mercado precifica um cenário de estabilidade da Selic ao longo de 2025.

No ambito fiscal, o Ministério da fazenda anunciou um contingenciamento/bloqueio de aproximadamente R$ 30 bilhões nas despesas primárias, acima da expectativa do mercado. Essa medida foi vista como um fator que aumenta a probabilidade de cumprimento da meta fiscal estabelecida para 2025. Contudo, persistem preocupações sobre potenciais pressões inflacionárias futuras, decorrentes dos efeitos defasados de medidas de estímulo implementadas anteriormente, como a liberação de recursos do FGTS e a ampliação do crédito consignado.

Em termos microeconômicos, a temporada de divulgação de resultados corporativos referentes ao primeiro trimestre de 2025 foi considerada sólida, especialmente quando comparada ao mesmo período do ano anterior. Empresas ligadas ao mercado doméstico, como Varejo e Construção Civil, apresentaram bons números, possivelmente levando a revisões positivas nos lucros projetados.

Fluxo estrangeiro e perspectivas

Um fator crucial para o desempenho positivo do mercado acionário brasileiro em maio foi o forte fluxo de capital estrangeiro. Após uma reversão na segunda quinzena de abril, os investidores estrangeiros injetaram R$ 10,6 bilhões líquidos em ações brasileiras em maio, elevando o total acumulado desde meados de abril para R$ 21,1 bilhões.

Esse movimento de entrada de recursos é parcialmente atribuído à dinâmica de rotação global de portfólios com investidores realocando capital para fora dos Estados Unidos em direção a mercados emergentes, incluindo o Brasil. Como reflexo, as alocações de fundos de investimento globais em ativos brasileiros atingiram níveis recordes para os últimos cinco anos. Em contraste, os investidores locais mostraram sinais de cautela crescente após o recente rali, com alguns buscando proteção (hedge) através de opções.

As perspectivas futuras dependem da continuidade desse fluxo estrangeiro, da queda das taxas de juros reais de longo prazo (ainda com prêmio de risco fiscal/político significativo) e da capacidade do governo em implementar medidas fiscais estruturais. Apesar do potencial fim do ciclo de alta da Selic ser positivo, riscos de inflação persistente, cenário fiscal doméstico e volatilidade global permanecerão no radar.

 

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CARTA MENSAL - ABRIL/2025